(...) e o pior de tudo talvez nem sejam as palavras ditas e os actos praticados, o pior, porque e irremediavel definitivamente, e o gesto que nao fiz, a palavra que nao disse, aquilo que teria dado sentido ao feito e ao dito, Se um morto se inquieta tanto, a morte nao e sossego, Nao ha sossego no mundo, nem para os mortos nem para os vivos, Entao onde esta a diferenca entre uns e outros, A diferenca e uma so, os vivos ainda tem tempo, mas o mesmo tempo lho vai acabando, para dizerem a palavra, para fazerem o gesto, Que gesto, que palavra, Nao sei, morre-se de a nao ter dito, morre-se de nao o ter feito, e disso que se morre, nao de doenca, e e por isso que a morto custa tanto aceitar a sua morte (...)