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E eu via prados e declives, gretas de penhascos cobertas de grama, flores, fetos e musgos, aos quais a velha voz popular dera nomes tao singulares e tao cheios de significacoes. Viviam, filhos e netos que sao das montanhas, coloridos e inofensivos, ali mesmo nos seus postos. Eu os apalpava, contemplava-os, aspirava-lhes o perfume e aprendia seus nomes. Impressionava-me ainda mais seria e profundamente com a contemplacao das arvores. Via cada uma delas levando sua vida a parte, aperfeicoando sua forma e coroa especiais, projetando sua sombra peculiar. A mim me pareciam ermitas e lutadoras, mais estreitamente aparentadas com as montanhas, pois cada uma delas, sobretudo as que se erguiam nos pontos mais altos das montanhas, mantinham sua luta silenciosa e tenaz pela existencia e desenvolvimento, contra o vento, o tempo e as rochas. Cada qual tinha que suportar seu proprio peso e se agarrar com forca ao solo, resultando dai que cada uma possuia uma forma particular e chagas especiais. Havia pinheiros aos quais as tormentas so permitiam que apresentassem galhos de um so lado, e outros cujos troncos avermelhados se haviam enroscado, quais serpentes, ao redor de rochas, de tal maneira que arvores e rochas se agarravam umas as outras para se sustentarem. A mim elas se assemelhavam a guerreiros e despertavam no meu coracao um sentimento de medo e de respeito. (p. 8)