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BERENGER - Eu nao gosto muito de alcool. E, no entanto, se nao bebo, nao me sinto bem. E como se eu tivesse medo... Entao bebo para nao ter mais medo. JEAN - Medo de que? BERENGER - Nao sei bem como explicar. Sao umas angustias dificeis de definir. Nao me sinto a vontade na vida... No meio das pessoas... Entao, recorro ao alcool. E isso me acalma, me descontrai, me faz esquecer. JEAN - Voce se esquece de voce mesmo! BERENGER - Estou cansado. Ha muitos anos que me sinto cansado. Custa-me a suportar o peso do meu proprio corpo... JEAN - Isso e neurastenia alcoolica, e a melancolia do beberrao... BERENGER - (continuando) Eu sinto a cada instante o meu corpo, como se ele fosse de chumbo, ou como se carregasse um outro homem nas costas. Ainda nao me habituei comigo mesmo. Eu nao sei se eu sou eu. Mas basta beber um pouco, o fardo desaparece e eu me reconheco, eu me torno eu mesmo. JEAN - Escute, Berenger. Isso sao elucubracoes. Olhe para mim: eu peso mais do que voce, no entanto, eu me sinto leve! Leve! Leve!