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Cada item de sua casa abrigava memorias das quais ela era entao a unica detentora. Ela me contou que todos os instrumentos seriam distribuidos a estrangeiros que jamais saberiam suas historias ou os apreciariam como ela. E, um dia,sua propria morte apagaria, por fim, todas as ricas memorias incrustadas na espineta, no violoncelo, nas flautas, nos flautins e em muitos outros instrumentos. Seu passado sucumbiria juntamente com ela. (...) Agora ela sabia realmente que tambem era transitoria, apenas de passagem pela casa, assim como todos os moradores anteriores. E a casa tambem era transitoria e iria desaparecer algum dia para dar lugar a outra no mesmo terreno. O processo de abrir mao de seus bens e de se mudar foi uma experiencia reveladora para Alice, que sempre havia se abrigado na ilusao confortavel e acalentadora de uma vida ricamente mobiliada e atapetada. Agora ela aprendia que o luxo das posses materiais a havia protegido da esterilidade da existencia.
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transitoriedade
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Irvin D. Yalom |