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Viver - nao e? - e muito perigoso. Porque ainda nao se sabe. Porque aprender-a-viver e que e o viver, mesmo.
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João Guimarães Rosa |
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O mais importante e bonito, do mundo, e isto: que as pessoas nao estao sempre iguais, ainda nao foram terminadas - mas que elas vao sempre mudando. (...) Natureza da gente nao cabe em nenhuma certeza.
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João Guimarães Rosa |
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Sorte e isto. Merecer e ter.
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João Guimarães Rosa |
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Doesn't everyone sell his soul? I tell you, sir: the devil does not exist, there is no devil, yet I sold him my soul. That is what I am afraid of. To whom did I sell it? That is what I am afraid of, my dear sir: we sell our souls, only there is no buyer.
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selling-your-soul
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João Guimarães Rosa |
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O que lembro, tenho.
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João Guimarães Rosa |
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Aqui digo: que se teme por amor; mas que, por amor, tambem, e que a coragem se faz.
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João Guimarães Rosa |
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Todos estao loucos, neste mundo? Porque a cabeca da gente e uma so, e as coisas que ha e que estao para haver sao demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeca, para o total. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente -- o que produz os ventos. So se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de odio, se a gente tem amor.
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João Guimarães Rosa |
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Every abyss is navigable by little paper boats.
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João Guimarães Rosa |
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O senhor escute meu coracao, pegue no meu pulso. O senhor avista meus cabelos brancos... Viver - nao e? - e muito perigoso. Porque ainda nao se sabe. Porque aprender-a-viver e que e o viver, mesmo. O sertao me produz, depois me enguliu, depois me cuspiu do quente da boca... O senhor cre minha narracao?
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João Guimarães Rosa |
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O amor so mente para dizer maior verdade.
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João Guimarães Rosa |
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Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto. Contudo, e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa - assim rosa-amor-espinhos-saudade.
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João Guimarães Rosa |
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que a gente carece de fingir as vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguem, e a mesma coisa que se autorizar que essa propria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato e.
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João Guimarães Rosa |
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Quem muito se evita, se convive
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João Guimarães Rosa |
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A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda e num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem nao e muito perigoso?
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João Guimarães Rosa |
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Todo amor nao e uma especie de comparacao?
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comparação
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João Guimarães Rosa |
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O senhor sabe: sertao e onde manda quem e forte, com as astucias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! E bala e um pedacinhozinho de metal...
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João Guimarães Rosa |
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Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse - se as coisas fossem outras.
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João Guimarães Rosa |
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Esses gerais sao sem tamanho., Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pao ou paes, e questao de opiniaes... O sertao esta em toda a parte.
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João Guimarães Rosa |
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Any love is already a little bit of health, a rest in the madness.
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João Guimarães Rosa |
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Na propria precisao com que outras passagens lembradas se oferecem, de entre impressoes confusas, talvez se agite a maligna astucia da porcao escura de nos mesmos, que tenta incmpreensivelmente enganar-nos, ou, pelo menos, retardar, que prescutemos qualquer verdade.
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João Guimarães Rosa |
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Ah, o tempo e o magico de todas as traicoes... E os proprios olhos, de cada um de nos, padecem viciacao de origem, defeitos com que cresceram e a que se afizeram mais e mais.
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visão
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João Guimarães Rosa |
39ad4a0
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Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careco de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como e que posso com este mundo?
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João Guimarães Rosa |
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Vida" e nocao que a gente completa seguida assim, mas so por lei duma ideia falsa. Cada dia e um dia."
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João Guimarães Rosa |
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quando e que a velhice comeca, surgindo de dentro da mocidade.
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João Guimarães Rosa |
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Tudo o que ja foi, e o comeco do que vai vir, toda a hora a gente esta num compito.
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João Guimarães Rosa |
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Espera, olha a chuva descendo o morro. Eh, agua do ceu para cheirar gostoso, cheiro de novidade!... E da fina... [...] -- Ei, gente, olha o pe-d'agua! Chegava a chuva, branquejante, farfalhando rumorosa, vinda de tras e nao de cima, de carreira. Alcancou a boiada, enrolando-a toda em bruma e continuando corrida alem. Os vultos dos bois pareciam crescer no nevoeiro, virando sombras esguias, de reptis desdebuxados, informes, com o esguicho ..
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João Guimarães Rosa |
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acho que o sentir da gente volteia, mas em certos modos, rodando em si mas por regras. O prazer muito vira medo, o medo vai vira odio, o odio vira esses desesperos? -- desespero e bom que vire a maior tristeza, constante entao para o um amor -- quanta saudade... --; ai, outra esperanca ja vem...
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João Guimarães Rosa |
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A ceia indo principiando, somente falei tambem de serios assuntos, que eram a politica e os negocios da lavoura e cria. So faltava la uma boa cerveja e alguem com jornal na mao, para alto se ler e a respeito disso tudo se falar.
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João Guimarães Rosa |
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Sofrimento passado e gloria, e sal em cinza.
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João Guimarães Rosa |
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Vivendo minha sorte, com lutas e guerras!
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João Guimarães Rosa |
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Eu nao podia tao depressa fechar meu coracao a ele. Sabia disso. Senti.
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João Guimarães Rosa |
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Vai assim, vem outro cafe, se pita um bom cigarro.
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João Guimarães Rosa |
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o Sujo: o que aceita as mas palavras e pensamentos da gente, e que completa tudo em obra;
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João Guimarães Rosa |
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Tristeza e noticia? Tanto eu tinha um aperto de desanimo de sina, vontade de morar em cidade grande. Mas que cidade mesma grande nenhuma eu nao conhecia, digo. Assim eu aproveitei para olhar para a banda de donde ainda se praz qualquer luz da tarde. Me lembro do espaco, pensamentos em minha cabeca. O riacho cao, lambendo o que viesse. O coqueiro se mesmando. A fantasia, minha agora, nesta conversa -- o senhor me atalhe. Se nao, o senhor me ..
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João Guimarães Rosa |
787e002
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Montei, fui trotando travado. Diadorim e o Cacanje iam ja mais longe, regulado umas duzentas bracas. Arte que perceberam que eu vinha, se viraram nas selas. Diadorim levantou o braco, bateu mao. Eu ia estugar, esporeei, queria um meio-galope, para logo alcancar os dois. Mas, ai, meu cavalo f'losofou: refugou baixo e refugou alto, se puxando para a beira da mao esquerda da estrada, por pouco nao deu comigo no chao. E o que era, que estava as..
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João Guimarães Rosa |
b1d7890
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E todas as pessoas, seguidas, que meu pensamento ia pegando, eu ia sentindo odio delas, uma por uma, do mesmo jeito, ainda que fossem muito mais minhas amigas e eu em outras horas delas nunca tivesse tido quizilia nem queixa.
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João Guimarães Rosa |
57502ea
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So Candelario chega exclamava, chorava: dizia que nunca tinha chefiado pessoal tao valente feito nos, com tantas capacidades.
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João Guimarães Rosa |
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So para o nome-da-mae ou de "ladrao" era que nao havia remedio, por ser a ofensa grave."
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João Guimarães Rosa |
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Crime, que sei, e fazer traicao, ser ladrao de cavalos ou de gado... nao cumprir a palavra...
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João Guimarães Rosa |
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Crime, que sei, e fazer traicao, ser ladrao de cavalos ou de gado... nao cumprir a palavra..." -- "Sempre eu cumpro a palavra dada!" -- gritou de la Ze Bebelo."
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João Guimarães Rosa |
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E foi entao que eu acertei com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim, produzida, era minha sem outro dono, como coisa solta e cega.
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João Guimarães Rosa |
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Briguei muito mediano, nao obrei injustica nem ruindades nenhumas; nunca disso me reprovam.
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João Guimarães Rosa |
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Julgamento -- isto, e o que a gente tem de sempre pedir! Para que? Para nao se ter medo! E o que comigo e. Careci deste julgamento, so por verem que nao tenho medo... Se a condena for as asperas, com a minha coragem me amparo. Agora, se eu receber sentenca salva, com minha coragem vos agradeco. Perdao, pedir, nao peco: que eu acho que quem pede, para escapar com vida, merece e meia-vida e dobro de morte. Mas agradeco, fortemente.
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João Guimarães Rosa |
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Deus (...) deixa se afinar a vontade o instrumento, ate que chegue a hora de se dansar.
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João Guimarães Rosa |